15 de nov. de 2012

O ESPIRITISMO E A ÉTICA - PARTE I

                      *Por Alfer Sant 

Este trabalho visa mostrar a relação que tem a Ética ou Filosofia Moral com o Espiritismo ou Filosofia Espírita, levando-se em conta o significado e a importância que têm no agir (praxis) ou no comportamento humano na sua acepção moral. O Espiritismo possui objeto específico, o espírito, ser imaterial da criação ou “o princípio inteligente do universo” provando, de maneira irrecusável e patente: a existência da alma; sua sobrevivência ao corpo físico; sua individualidade após a morte; sua imortalidade; as penas e recompensas futuras; o princípio da causalidade; revisando e propondo novos conceitos, enriquecendo o espiritualismo com a teoria da migração das almas e da comunicação entre os espíritos, bem como, tirando o véu do hermetismo e da dúvida sobre a reencarnação, além de nos brindar com suas propostas ético-morais (veja Kardec em O que é o Espiritismo).

A Ética estuda a conduta moral do homem ou do indivíduo concreto na sociedade, fenômeno específico que decorre da sua convivência entre os semelhantes. Assim, conceituemos a Ética como o faz Vásquez (Adolfo Sánchez, Ética, 1995): “É a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade,” ficando aí definido que o objeto de estudo da Ética é a moral ou, mais exatamente, a moralidade positiva. A palavra ética vem de ethikos” em grego, que quer dizer costume e, a palavra moral deriva da língua latina, “mos, moris” que tem o mesmo significado. A Moral tendeu progressivamente a refluir e privilegiar a subjetividade do agir individual (praxis individual) e, a Ética viu ampliar-se o seu significado para a intersubjetividade humana, ou capacidade de inter-relacionar-se com o seu semelhante, abrangendo a realidade histórica e social dos costumes (praxis social).

Desse modo, embora com o mesmo significado, entende-se que a moral não é ciência, ficando a Ética como a teoria ou ciência dos costumes ou de como os homens agem na sociedade em que vivem, ou seja, “analisa o conjunto de normas que orientam o comportamento humano tendo como base os valores próprios a uma dada sociedade” (veja Gilberto Cotrim no livro: Fundamentos da Filosofia, 2004), ou ainda, “analisa o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos no grupo social”, definido como moral. Em resumo, a Ética é a teoria da moral ou dos costumes (veja Maria Lúcia de Arruda Aranha, e Maria Helena Pires Martins: Filosofando - Introdução à Filosofia 1998).

A Doutrina Espírita ou Espiritismo, ou ainda, Filosofia Espírita, “é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. Preconiza a existência de Deus, “a inteligência suprema e a causa primeira de todas as coisas”, - Consciência Cósmica responsável pela criação e manutenção do Universo, - e a existência do Espírito como princípio ou o ser inteligente da obra da Criação (Kardec). É doutrina filosófica, científica e de conseqüências morais, renovadora de valores, consciências e corações que recalcitram nas trevas, contribuindo para melhorar as condições vivenciais humanas.

Os homens são espíritos ou almas encarnadas, o resultado da interação ou da interligação da individualização do princípio inteligente (o espírito, corpo imaterial) e a individualização do princípio material (o corpo físico ou somático) que coloca o espírito em relação com o mundo das formas. Como assevera Alonso: “A união da matéria prima ou corpo material transitório, com a alma imortal e independente da matéria, onde se abrigam a inteligência e a moralidade, formando o composto humano, é tão forte e conjunta que constitui o homem uno” (veja Félix Ruiz Alonso, no livro: Fronteiras da Ética, cap. 2).
O elo ou o laço que une o corpo físico ao espírito é denominado perispírito ou corpo psicossomático, - de natureza semimaterial - fluídico, do próprio espírito, sendo que desta união e de suas relações com os semelhantes resultam os fenômenos morais, racionais. De modo que, o ser humano pode estar encarnado, ou desencarnado quando o princípio inteligente (o espírito) está separado do princípio material (o corpo físico), ou no momento em que aquele se separa deste, ou quando este se corrompe. Mas, deixa-se claro que o princípio inteligente preexiste, antecede à matéria e é indestrutível, ou seja, não morre.                 
Os seres humanos são, pois, a população de espíritos em experiência no vaso carnal e de espíritos destituído deste, que estabelecem relações em mútua convivência, de acordo com os princípios de conduta moral - ato voluntário e livre - que norteiam as suas ações. É sabido que em razão dessa convivência no âmbito material e imaterial ocorrem as relações e influências de uns sobre os outros no cotidiano da vida, origem dos fenômenos morais.
Assim, a ética é referida para denotar “o estudo teórico dos padrões de julgamentos morais, inerentes às decisões de cunho moral”, decorrentes da convivência entre indivíduos concretos na visão materialista, vez que ela tem por objeto o comportamento destas criaturas no interior de cada sociedade.  
Nesta visão, a Ética estuda o relacionamento moral dos encarnados, como vimos. Porém, e vez que não dita normas, “a sua reflexão não pretende converter estes agentes em indivíduos éticos, mas pode instrumentá-los para que decidam agir e comportar-se de acordo com o que a sociedade espera deles”, como acentua Nalini (José Renato no livro: Ética Geral e Profissional, 2004). Ocorre que os encarnados são também espíritos tendo experiência na carne, como vimos acima, buscando destituir-se dos seus defeitos e vícios, resgatando débitos presentes e passados, objetivando evoluir. A Doutrina Espírita, como uma doutrina moral, busca modificar e melhorar o relacionamento e a convivência dos encarnados, mas também entre os desencarnados (ou energéticos) e entre os desencarnados e encarnados, doutrinando-os, evangelizando-os, tendo por base os ensinamentos morais do Mestre Jesus.
Nesse passo, a Doutrina Espírita induz e reforça a tendência que temos para realizar o bem e a verdade, para que os seres humanos ajam sempre de acordo com a moralidade positiva, sadia. Mas é a ética que faz o julgamento se a ação humana é boa ou má, certa ou errada, justa ou injusta, se é permitida ou proibida, a partir das relações que os espíritos estabelecem entre si. Ou seja, o Espiritismo fornece as regras pelas quais se devem conduzir os seres humanos (por exemplo: “Ama o próximo como a ti mesmo”), e a Ética avalia e julga, através da consciência moral, ou juízo interior, a qualidade do agir destes seres no âmbito da sociedade a partir dos ensinamentos contidos no Evangelho de Cristo, de outras doutrinas religiosas ou de nenhuma delas. Importa observar que estas ciências são abrangentes por alcançar o universo humano, encarnado e desencarnado, vez que todos somos espíritos.

*Alfer Sant é  pseudônimo usado pelo autor do texto que é mestre em economia, advogado, professor universitário e doutrinador espírita há mais de 40 anos.

LEIA AQUI: O ESPIRITISMO E A ÉTICA - PARTE II
                       O ESPIRITISMO E A ÉTICA - FINAL
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2 comentários:

  1. Simone.

    Bom passar por aqui e fazer uma visita, beber do conhecimento contido nesse texto acima, que nos coloca numa posição igualitária do ponto de vista do criador, mas diferentes do ponto de vista da evolução do espírito individual.
    Bom também rever os amigos nessa oportunidade, e reiterar a falta que sinto do convivio não só seu mas dos demais amigos da secretaria.

    Espero em breve fazer uma visita e lembanças a todos os queridos amigos.

    Anailton.

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  2. Olá Anailton,
    É sempre uma alegria receber a sua visita aqui no Toque do Anjo. Pois é amigo, cada um de nós está em um grau evolutivo da espiritualidade, porém depois de diversas idas e vindas, quiçá um dia, chegaremos todos ao mesmo patamar.
    Darei as suas lembranças aos colegas e apareça por lá mesmo.
    Beijos na alma,

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